sexta-feira, 3 de julho de 2009

O tratamento da Obesidade - parte IV (epílogo!!)

Uma das maiores discussões no meio médico atualmente é o uso de medicações no tratamento da obesidade. Trata-se de um ponto delicado, até porque a história das doenças foi se modificando ao longo do tempo. São exemplos bem típicos dessa mudança as formas atuais da hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, diabete, câncer e a obesidade. Antes, muitas vezes, essas doenças evoluiam para a morte. Hoje, com o advento de processos de controle e mesmo de cura, muitas dessas moléstias se tornaram o que se costuma chamar de 'doenças crônicas'. É bastante gritante o exemplo da AIDS. Há vinte anos, ser soropositivo era ter em mãos uma condenação à morte.
A obesidade não foge à regra. Se não tratada e controlada, levará muitas pessoas a complicações graves como o diabete tipo II, a hipertensão, diversos tipos de câncer, artoses devido à gravidade agindo sobre as juntas, etc.
Atualmente a obesidade é considerada uma doença crônica não transmissível e, como tal, deve ser tratada e controlada. Dificilmente será totalmente curada, da mesma forma que o diabete e a hipertensão.
Imagine você tendo uma pressão alta constante, sem tratamento. Talvez você nada sinta mas seus órgãos sentirão. Ao longo do tempo seus rins poderão vir a ficar insuficientes, da mesma forma que seu coração.
Aí, você inicia o tratamento médico e vê sua pressão normalizada e pensa: não vou mais tomar o remédio. Não toma e a pressão volta a subir. Nessas idas e vindas, um acidente vascular, cerebral (AVC) ou cardíaco (infarto) pode acontecer.
Com a obesidade não é diferente. Você inicia seu programa de reeducação alimentar e atividade física, seu peso diminui e você, feliz da vida, suspende tudo e volta a comer e a sedentarizar. É muito provavel que seu peso subirá novamente.
Mas e as medicações?
Da mesma forma que as de outras doenças crônicas, há medicamentos que devem ser indicados após avaliação clínica, levando em consideração outras doenças, como a hipertensão e o diabete, arritmias cardíacas, etc.
Não havendo incompatibilidade, o uso judicioso de medicamentos anti-obesidade pode e, no parecer deste médico, deve ser usado.
Tais medicamentos pertencem a grupos diferentes. Um primeiro grupo é composto por aqueles medicamentos que reduzem a absorção das gorduras. Há marcas famosas no mercado e seu resultado é bastante bom, embora os efeitos colaterais possam ser bastante desagradáveis, como a diarréia gordurosa.
Num segundo grupo encontram-se os remédios chamados 'sacietógenos', por provocarem uma sensação de saciedade, de estar satisfeito com pouco alimento.
O terceiro grupo é o que provoca mais polêmicas, uma vez que provoca uma perda importante do apetite. São os moderadores ou inibidores do apetite e são drogas que podem provocar a subida da pressão arterial, arritmias, além de euforia. Mais que todas as medicações dos outros dois grupos, o uso destes medicamentos precisa de supervisão médica constante.
Um ponto polêmico. Pessoas leigas, boa parte da imprensa e mesmo médicos desinformados, taxam toda medicação anti-obesidade de 'anfetamina'.
Quero deixar claro que as anfetaminas foram banidas da medicina brasileira ainda na década de 1950. Seu uso, se ocorrer, será ilícito, criminoso.
Finalmente, a cirurgia de redução do estômago. Encarada como uma panacéia num passado não muito distante, mostrou que pode não trazer os benefícios previstos (não vamos nos esquecer que a Medicina não é ciência exata) sendo atualmente indicada em duas situações básicas: quando o IMC for maior que 40 kg/m², sem resposta ao tratamento médico proposto (reeducação e atividade física), ou quando o IMC estiver acima de 30 kg/m² associado a comorbidades ( hipertensão, diabete, insuficiência cardíaca, etc. ). Há necessidade de um excelente preparo psicológico e clinico para que o paciente se ajuste ao novo corpo, o que não será fácil.
Não citei os medicamentos dos diversos grupos acima devido a questões éticas e de consciência.
Se você estiver com este problema de saúde pública mundial, recomendo enfaticamente a você: procure emagrecer. Procure um médico habilitado e trate-se.

domingo, 14 de junho de 2009

O Tratamento da Obesidade - Parte III

Você tomou seu desjejum, um lanche de frutas e almoçou. Deve estar satisfeito e seu organismo deve estar se readaptando a um novo esquema alimentar.
Frequentemente deixamos de tomar um lanche à tarde ou o fazemos com alimentos engordativos. Salgados, bolos e tortas bastante calóricas fazem parte do nosso hábito alimentar à tarde. O resultado disto é que passamos algumas horas a mais sem comer, de forma que, ao nos alimentarmos no jantar, comeremos muito.
Se você precisa perder peso, sugiro uma refeição à base de frutas ou o suco destas entre o almoço e o jantar. Se você comer a fruta com o bagaço, sua digestão ficará um pouco mais lenta e a sensação de saciedade, um pouco mais prolongada. Não haverá um sofrimento maior para aguardar o jantar.
É comum pessoas deixarem de jantar com o objetivo de perder peso. Aí a coisa pega! Sem essa refeição noturna, você passará um período de jejum muito prolongado e seu corpo lançará mão de mecanismos de economia de energia. Se o seu objetivo é perder peso, não pule esta refeição. Faça como no almoço, na mesma sequência, só que com alimentos menos gordurosos e numa quantidade menor. É a hora do 'mendigo'. Uma boa idéia é a saladinha seguida de sopa de legumes, carne grelhada e pão. Uma taça de vinho tinto vai muito bem nessa hora (vou abordar isso quando falar sobre colesterol).
Antes de deitar-se, uma xícara de chá com canela ou gengibre vai muito bem. Essas duas plantinhas têm uma capacidade interessante: provocam aumento da temperatura, às custas de calorias queimadas. Uma pequena ajuda na queima calórica durante as madrugadas.

Atividade física
Se você reeduca seu organismo no sentido de comer melhor mas não queima a sua reserva de gorduras, seu tratamento tende a ficar incompleto. Não é tão complicado assim. Atividade física a que me refiro é algo que leve seu corpo a queimar calorias através de exercícios. Um bom exemplo é a caminhada. A recomendação de 40 minutos de caminhada ao dia, cinco dias por semana não é um exagero e regula uma série de coisas em seu corpo. Seu sistema cardiovascular vai se readaptando, sua musculatura se modifica, seu humor tende a melhorar, sem contar com a qualidade do sono, que melhora na maioria dos casos.
Deve ser feita em qualquer horário, não necessariamente pela manhã. Há vantágens em se fazer caminhadas após um dia de trabalho. Você se cansou, ficou estressado, durante o trabalho. A caminhada fará com que seus músculos promovam a liberação de endorfinas, aliviando a tensão e dando uma sensação de bem estar.
Outras atividades como a natação, hidroginástica, musculação, corrida apresentam igual potencial. Todas as atividades físicas, quando visam a saúde, devem ser feitas de forma não-competitiva.
A última discussão será sobre o uso de medicamentos no tratamento da obesidade. Esse tema, controverso, pode dar bastante pano pra manga.
Um abraço a todos.

O Tratamento da Obesidade - Parte II

Retomando o tema. Vimos que há uma indústria abarcando a pessoa obesa e suas necessidades, anseios, etc. Há, pois que se deixar essa indústria a ver navios e cuidar da saúde, objetivo deste trabalho.
Senão vejamos.
O que é a obesidade senão o produto de uma equação maliciosa: você queima menos energia do que ingere. Seu saldo será positivo para o lado das gordurinhas acumuladas, caso tal equação não seja rompida.
O raciocínio seguinte ajudará em nosso objetivo final, qual seja o controle do peso e das comorbidades a ela associadas.
Em primeiro lugar, comer é muito bom. Será melhor ainda se dele se tirar um prazer ainda maior, saboreando a comida. Assim, comer devagar, antes de qualquer coisa, é mais prazeroso e, creia-me, fará com que você coma menos.
Passemos ao pulo do gato. Como fazer para, do ponto de vista nutrológico, controlar o peso?
Um ótimo começo é incrementar o desdejum. Você passou umas oito horas em jejum e seu corpo precisa de energia para iniciar o dia. Nada melhor do que uma boa refeição nesse horário para que haja energia de sobra e o dia deslanche.
Algumas pessoas não sentem qualquer apetite ao acordar. Devido a isto (que é bastante comum), deixam de comer pela manhã. O que ocorre? Durante a noite, enquanto você dormia, foram gastos os seus estoques de açúcares, tanto no sangue - na forma de glicose, quanto nos músculos e fígado - na forma de glicogênio. Isso provoca uma reação normal do corpo: queimar gorduras. Ocorre que, da queima de gorduras, sobram umas substãncias chamadas corpos cetônicos que têm o condão de deixar a gente sem apetite! Você já notou que seu hálito está estranho pela manhã, que há um certo bafão diferente do mal hálito de quem não escovou os dentes? Pois é, esse hálito se deve em parte à presença dos tais corpos cetônicos.
O que fazer, então, se não há apetite pela manhã? Faça o seguinte: antes mesmo de escovar os dentes, tome um copo de água com uma colher de sobremesa de açúcar. Enquanto você providencia sua higiene matinal, os níveis de açúcar sobem um pouco, elimina-se a formação daquelas substâncias e o seu apetite começa a aparecer. Quando você estiver jogando os cotonetes no lixo já estará pensando no café.
Um bom café da manhã faz parte das seis refeições que vou propor aqui. Deve consistir de leite e derivados, pão (quanto mais integral, melhor), frutas, mel e cereais, além de café. No começo parecerá muita coisa, mas não é assim. Um bom desjejum deve contemplar uns 25% das necessidades do seu dia em termos de calorias. Se você começar devagarinho, com uma fruta ou uma fatia a mais de pão e for aumentando, sentirá que seu dia vai correr melhor.
Uma segunda refeição deve ser feita no intervalo entre o desjejum e o almoço. Deve consistir de uma porção de fruta ou suco de fruta. Dá-se preferência para as frutas de estação: são mais baratas, mais frescas e encontradas com mais facilidade. Você notará que, comendo frutas nesse horário, e deixando de consumir alimentos gordurosos como regra, seu apetite para o almoço estará mais controlado e você não chegará a ele 'varado' de fome.
Eu já falei antes e repito: coma devagar. Veremos por que daqui a pouco. E beba bastante água fresca (uma pessoa de uns 60 quilos deve tomar mais ou menos 2,5 litros de água por dia, cerca de 8 copos).
O almoço, ah, o almoço!!! Hora pecaminosa, não? Nem tanto. Os excessos só ocorrem se o primeiro item desta discussão for negligenciado: a informação é o que cerne do tratamento.
Há um ditado, bastante usado em nutrologia, que diz: "devemos nos alimentar como reis pela manhã, como príncipes á tarde e como mendigos à noite." Esse aforismo vem de um tempão atrás e faz parte de um tratado chamado "Nei Ching Su Weng", que é um diálogo entre o médico Chi Pó e se paciente, o Imperados Amerelo, da China. Recomendo a obra, uma delícia.
Mas vamos ao almoço.
Sempre devemos iniciar a refeição pelos alimentos menos engordativos. A salada é a opção natural. Assim, coloque uma boa porção de salada de folhas frescas, legumes e mesmo frutas num prato, tempere a seu gosto. Você pode usar um pouco de sal (sem exageros), pimentas, azeite, vinagre, mostarda, enfim, o que lhe der gosto. Nada mais além da salada no prato.
Comece a comer e, a cada bocado colocado na boca, deixe seus talheres descansando na beira do prato, só voltando a pegá-los quando já tiver deglutido aquele bocado. Isso dará tempo de seu cérebro ser avisado. Mastigue bastante, afinal você tem dentes (ou substitutos) para isto. Coma toda a salada.
A seguir, utilize os vegetais cozidos junto com a carne e use o mesmo procedimento de comer devagar, até mesmo de forma ritual, deixando os talheres descansando enquanto mastiga.
No final da refeição, o básico arroz com feijão, o macarrão, sempre lentamente. Sobremesa de frutas e, eventualmente um doce, por que não. E café.
Satisfeito(a)?
Pois é, até aqui você se alimentou como 'rei'.
Na seqüência, os lanches da tarde, jantar e ceia, num total de seis refeições.
Até mais, amigos.

O Tratamento da Obesidade Parte I

Vimos a importância do tema como problema de saúde, sua definição e seus limites. Agora é interessante que discutamos o tratamento médico da obesidade. Quando falo médico é isso mesmo que quero dizer: obesidade é uma síndrome multifatorial onde, além do excesso de peso às custas do acúmulo de gordura, juntam-se outros, e às vezes graves, problemas de saúde. O tratamento médico, global, assim se justifica, uma vez que nem sempre apenas a reeducação alimentar é suficiente para dar conta do problema.
Explico. Junto com a obesidade surgem ou se agravam outras doenças, entre elas as temidas hipertensão arterial e o diabete melito. E isso ocorre por alguns motivos que tentarei explicar sem muita firula.
A hipertensão, por exemplo. Quem está acima de seu peso pode ser interpretado como alguem com boa saúde carregando uma mochila com o excesso de gordura. Para que as atividades dessa pessoa possam ser executadas com naturalidade, há maior esforço do coração em distribuir pelo corpo uma quantidade de sangue também maior (é necessário um excedente de sangue para suprir a massa de gordura quando há aumento do peso). Esse excesso de sangue dentro de um sistema de vasos (artérias e veias, que podem ser assemelhados a tubos hidráulicos) cria dentro da 'tubulação' um excedente de pressão, que será detectado no exame médico na forma de hipertensão. Quando a pressão arterial mínima vai acima de 90 mmHg e/ou a máxima acima de 140 mmHg temos, clinicamente, hipertensão em seu início.
O diabete ocorre, também ocorre, quando associado à obesidade, em função da gordura corporal. Não nos esqueçamos que há um tipo primário de diabete, o chamado tipo I. Este ocorre devido à falta de produção de insulina por parte do pâncreas. No caso do diabete da pessoa obesa, a taxa de insulina é, geralmente normal no início da doença, podendo degenerar com o passar do tempo. Aqui, no diabete do obeso, há um sequestro da insulina por parte do tecido adiposo (gorduroso) por quem tem grande afinidade. Assim, não falta insulina mas ela se encontra inoperante.
Outras doenças, associadas ou não à obesidade, se beneficiam de seu tratamento: os distúrbios do colesterol, dos triglicérides, do ácido úrico, as artrites devidas à sobrecarga provocada pelo peso, alguns casos de infertilidade, entre outras.
Como vemos, o tratamento da obesidade acaba por tratar pelo menos outras duas doenças de gravidade moderada a séria. Com a regularização do peso, as taxas de insulina sequestrada tendem a voltar ao normal e o paciente pode voltar a ter doses menores dos medicamentos contra o diabete. O mesmo ocorre em relação à hipertensão.
Assim, não é exagero afirmar que tratar obesidade dá, como bônus uma atenuação dos quadros dessas duas doenças, quando não seu controle mais eficaz.
Bom, chega de linguiça. Vamos ao tratamento.
Em primeiro lugar, informação é a primeira arma nesse tratamento. E informação séria anda rara por aí. Assim, a oportunidade que o Luis Nassif nos dá de veicular com cuidado estas informações é realmente um prêmio. Há uma rede cercando o paciente obeso, formada por pessoas e empresas que se aproveitam dessa condição para lucrar, e muito. Propagandas enganosas podem ser vistas na tv e nos jornais, rádios e na internet. A grande maioria disso é balela.
Senão vejamos.
Você come bem? Mesmo? Quantas refeições você faz por dia? Você deixa de jantar para diminuir seu peso (não vale mentir)? Você toma chás de 600 ervas em jejum, com adoçante, cinco vezes ao dia? Já comeu cogumelos do sol para emagrecer? Toma só refrigerante diet? Quanto de água você bebe por dia? Você pratica alguma atividade física (entende-se por atividade física o movimentar o corpo por pelo menos 30 minutos diários, gerando calor), por mais 'insignificante' que seja considerada? Usa controle remoto para mudar os canais da tv? Seu carro tem controle elétrico dos vidros, direção hidráulica e câmbio automático? Quanto tempo você fica sentado diante do micro, todos os dias?
Pergunta demais? Você não viu nada ainda.
No próximo tópico as explicações para estes questionamentos.

Em tempo: em nutrologia se diz que 'quem perde peso rápido, o encontra também rápido'. Vale dizer: precisamos aprender a perder peso e mantê-lo sob controle.

Um abraço.

As Faixas do IMC

Para as mulheres, o IMC varia de 19 a 24 kg/m².
Para os homens, varia de 20 a 25 kg/m².
Para ambos, entre 24 e 29.9 kg/m² nas mulheres e entre 25 e 29.9 kg/m² nos homens, temos uma faixa considerada como de sobrepeso. Acima de 30 kg/m² considera-se a pessoa obesa.
É bom lembrar a observação do tópico anterior: se houver uma hipertrofia muscular muito intensa o IMC não será uma boa medida para se determinar sobrepeso ou obesidade.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Excesso de peso ou obesidade?

Imagine que você apenas vê o que marca a balança, sem maiores considerações. Como saber se você é obeso(a) ou está com excesso de peso por outras causas?
Certamente, ao longo de um mês, o peso de uma pessoa, principalmente as mulheres, sofre algumas variações que são fisiológicas, normais mesmo. Um exemplo: se você é mulher, pese-se uma semana após terminada a menstruação. Depois, pese-se no primeiro dia do ciclo menstrual. Você notará que há uma variação que pode chegar a 5% de incremento do peso. Isso se deve à retenção de líquidos, típica desse período, tantas vezes sob forma de edema dos membros inferiores ou turgência das mamas. Observe que, ao fim da menstruação seu peso deve ter caído bastante.
É uma coisa interessante ter-se em conta em que período do mês as meninas estão marcando o peso. Em um tempão de consultório pude notar que esse fato, o ganho de peso antes das menstruações, é um fator de fracasso no tratamento da obesidade. Há muito tempo tenho sido bem enfático com os pacientes, principalmente as senhoras, quanto a deixar que eu as pese e interprete o peso.
Mas nem só de edema se alimentam as nossas dúvidas. Veja que um indivíduo atleta, um fisiculturista por exemplo, pode estar com excesso de peso. Acaba procurando o médico ou o nutricionista em busca de perder esse peso. E qual não é a surpresa dele quando eu lhe digo que seu excesso de peso se deve à musculatura muito desenvolvida. Quando faço o exame de bioimpedância, constato que o sujeito tem pouca gordura e muita massa magra (músculo, água, ossos) e pouca gordura. É um daqueles acasos em que o índice de massa corporal [IMC=peso/(altura x altura)] está acima do ideal e não se trata de obesidade.
Outras situações podem cursar com aumento de peso e não serem obesidade. Uma dessas situações é a insuficiência cardíaca. Mas isso é motivo de outro tópico.
As faixas consideradas 'normais' de IMC, para homens e mulheres:
Para as mulheres, o IMC varia de 19 a 24 kg/m².
Para os homens, varia de 20 a 25 kg/m².
Para ambos, entre 24 e 29.9 kg/m² nas mulheres e entre 25 e 29.9 kg/m² nos homens, temos uma faixa considerada como de sobrepeso. Acima de 30 kg/m² considera-se a pessoa obesa.
É bom lembrar a observação do tópico anterior: se houver uma hipertrofia muscular muito intensa o IMC não será uma boa medida para se determinar sobrepeso ou obesidade.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Você é obeso(a) ?

A questão ser ou não ser obeso tem ocupado um lugar de destaque na vida das pessoas, seja na procura pela saúde, seja, o que é mais corriqueiro, como forma de se posicionar diante de idéias estranhas, geradas no seio de uma comunidade de mídia que parece impôr padrões de beleza.
E aí é que entra o problema de obesidade como doença e seu controle, muitas vezes feito por pessoas e meios inescrupulosos. A imposição midiática de corpos esguios, barrigas-tanquinho, curvas sinuosas traz em seu bojo uma cadeia produtiva de produtos e serviços capazes de dar inveja a muito banqueiro por aí.
Mas, o que significa ser obeso? Nada muito complexo: obesa á a pessoa que apresenta excesso de peso por conta do excesso de gordura. Veja que a definição médica é bem clara quando se refere ao excesso de gordura.
É bastante comum que o peso varie um pouco ao longo do tempo. Na mulher, em particular, essa variação é mais pronunciada devido às alterações promovidas pelo ciclo menstrual. É bastante comum o ganho de peso no período pré-menstrual. Para ver como isso ocorre no seu organismo, faça o seguinte: pese-se uma semana após o término da menstruação. Depois, pese-se no primeiro dia, o dia em que desce o primeiro fluxo. Você notará que há um ganho de peso no período pré-menstrual. Isso se deve ao acúmulo de água e pode ser notado como uma maior turgência das mamas e edema nos pés e pernas no fim do dia. Esse acúmulo se deve a ação de hormônios e será eliminado ao longo dos próximos dias, na maioria dos casos.
É interessante o que notei em muitos anos de prática clínica no manejo da obesidade: a maior causa de abandono de tratamentos se dá por conta de erros de informação. Os pacientes são informados de que devem deixar que o médico os pese e interprete o peso, diante do quadro clínico. Informados, aderem mais ao tratamento.
Mas vamos à parte prática. Se você não é um fisiculturista, cheio de músculos, faça o seguinte cálculo. Pese-se e meça sua altura em metros. Aí, calcule seu índice de massa corporal IMC, assim: IMC= peso (kg)/ (altura x altura). O resultado vem em kg/m².
Por definição, considera-se dentro da normalidade a mulher que estiver com o IMC entre 19 kg/m² e 24 kg/m²; ao homem cabem os valores de IMC de 20 kg/m² até 25 kg/m². Se o IMC estiver entre o máximo e 30 kg/m², independente do gênero, você estará em sobrepeso. Se acima de 30 kg/m², estará obeso. Procure sempre verificar se você não está com inchaços nos pés ou pernas ao fazer o cálculo.
Quanto à menção do fisiculturista acima, cabe dizer o seguinte. É muito provavel que essa pessoa estará com seu IMC acima de 25 kg/m². Isso, contudo, não se deve ao acúmulo de gordura, mas de massa magra (músculos, água, ossos, etc).
Minha sugestão: façam os cálculos e vamos interagir. Afinal, é pra isso que serve o blog.
Um abraço.

Para outras idéias, clique aqui